sexta-feira, 29 de abril de 2011

A missão da maternidade

O Bispo de La Serena, Chile, Dom Ramon Angel Jara, teve oportunidade de escrever um texto muito poético que diz:
Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus.
Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo. Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude.
Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida.
Quando sábia, assume a simplicidade das crianças. Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama. Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.
Forte, estremece ao choro de uma criancinha. Fraca, se revela com a bravura dos leões.
Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam.
Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas esse álbum. Porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página. Eles lhes cobrirão de beijos a fronte. Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe.
Na atualidade, a mulher assumiu muitos papéis. Lançou-se no mundo e se transformou na operária, juíza, cientista, professora, militar, policial, secretária, empresária, presidente, general e tudo o mais que, no passado, era privilégio do homem.
A mulher se tornou em verdade uma super-mulher que, além dos afazeres domésticos, conquistou o seu espaço no mercado de trabalho.
Naturalmente, não para competir com o homem, mas para somar com ele, pois dos esforços de ambos resulta o sustento e o bem-estar da família.
A rainha do lar se transformou na mulher que atua e decide na sociedade.
Das quatro paredes do lar para o palco do mundo. Contudo, essa mulher senadora, escriturária, deputada, médica, administradora de empresa não perdeu a ternura.
Ela prossegue a acolher em seu ninho afetivo o esposo e os filhos.
Equilibrada e consciente, ela brilha no mundo e norteia o lar. Embora interprete muitos papéis, ela não esqueceu do seu mais importante papel: o de ser mãe.
*   *   *
Dentre todas as mulheres que se projetaram no mundo, realizando grandes feitos, a nossa lembrança recua no tempo buscando uma mulher especial.
A história não lhe registra grandes discursos, mas o Evangelho lhe aponta gestos e palavras que valem muito mais.
Mãe de um filho que revolucionou a História, manteve-se firme na adversidade, na dor, exemplificando o que Ele ensinara.
Não deixou testamento, riquezas ou haveres mas legou à Humanidade a excelente lição da mulher que gera o filho, alimenta-O e O entrega ao mundo para servir ao mundo.
Seu nome era Maria... Maria de Nazaré.

Retrato de mãe, de Dom Ramon Angel Jara, Bispo de La Serena, Chile, tradução de Guilherme de Almeida.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Declare o seu amor aos outros.


Você já parou para pensar no quanto anda ou não demonstrando o seu amor aos outros? Não estou me referindo só ao amor romântico, mas ao amor que temos pela família e pelos amigos também. Tem certeza de que eles sabem da importância que representam na sua vida? De quanto é bom demais tê-los por perto? De quanto você se sente aliviado e amado só por eles existirem?
Provavelmente, não. A grande maioria de nós tende a se perder diante da rotina. É trabalho, filhos, casa pra cuidar, contas pra pagar, um futuro pra decidir e tempo de menos para tantas outras coisas. E é nesta roda-viva que deixamos, sem querer, nossos corações adormecerem. É tanta coisa para cuidar que deixamos sem cuidado o que mais vale a pena nesta vida: nosso amor pelos outros.
DECLARE O QUE SENTE
 Não deixe pra amanhã o afeto que você pode mostrar hoje. Ou agora mesmo. Não tome como garantido que as pessoas saibam o quanto você gosta delas. Mostre isto. Declare em verso, prosa, poesia, telefonema, cartão, visita, flores, chocolate, e-mail. Mas não deixe de dizer frases como estas:
  • Você é importante pra mim.
  • Eu te amo.
  • Hoje o dia estava lindo e lembrei de você.
  • Estou ligando só pra dizer que estou aqui se você precisar de mim.
  • Puxa, há quanto tempo!
  • Me deu saudades de você...
A força do amor - esta que nos alimenta e nos sustenta - depende de nosso comprometimento com ela aqui e agora. Por isto é importante não deixar pra amanhã. Mesmo que a rotina massacre, que a distância separe, que o cansaço impere. Expresse seus sentimentos diretamente para aqueles que você ama e que são importantes para você.

DÊ FORMA AO AMOR

O amor é uma energia poderosíssima e basta uma palavra carinhosa e sincera para fazer com que esta força brote com uma intensidade gigantesca, preenchendo nossos corações com o sentimento mais bonito que existe. E não será este o maior signficado que há na vida: o amor?
O amor nutre, cura e renova. Faz nossos medos desaparecerem e traz sensação de conforto e segurança." O amor nutre, cura e renova. Faz nossos medos desaparecerem e traz sensação de conforto e segurança. "
Faz brotar alegria, satisfação e nos preenche de energia vital. Dê forma a este amor. Traduza-o em palavras, som, letra e cores. Um telefonema vale mais que cem e-mails. Um cartão que traz a sua caligrafia tem mais valor que várias mensagens no Facebook.
Há dois meses criei uma rotina que sugiro a todo mundo tentar. Não passo mais um dia sem dar um telefonema para alguém querido só para saber se está tudo bem. O que não é pouco ao se considerar que moro na costa oeste americana. Eu driblo o fuso horário de seis horas em relação ao Brasil e gasto menos em coisas pessoais para poder honrar a conta de telefone. Mas a cada telefonema, meu coração se recarrega de uma alegria e de um afeto que definitivamente não tem preço!
O ganho emocional que se tem quando deixamos este amor fluir é enorme. Na verdade, a satisfação nasce simplesmente do ato de deixar o amor correr em direção a quem amamos. E, se por ventura este amor for retribuído, alegria em dobro. Mas, não espere retribuição. Apenas deixe fluir.
Por Carolina Arêas

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Senhor, ajuda-me a perdoar


Senhor, ajuda-me a perdoar

Senhor, eu gostaria tanto de poder perdoar. Disponho-me a isso. Oro e tenho a impressão de que lavei meu coração de toda mágoa.
Contudo, basta que eu reveja quem me agrediu, caluniou, traiu e todo o sentimento retorna.
Isso está me fazendo muito mal, Senhor. Sinto um peso dentro de mim, um mal-estar e tenho a impressão de que perdi um tanto da capacidade de amar.
Em função do que padeci, tornei-me desconfiado. Quando um amigo me abraça, não me entrego em totalidade.  Fico pensando se ele está sendo sincero.
Se não estará, como outros, demonstrando uma afeição que não lhe habita a alma, somente por conveniência. Pior ainda, fico cogitando quando esse amigo me oferecerá o fruto amargo do abandono.
Isso é muito ruim, Senhor, eu sei. Contudo, tornei-me assim, depois de tantas ingratidões recebidas, em tantos afastamentos constatados, em tantas evasões de pessoas a quem entreguei o meu coração.
Recorro às páginas do Evangelho e as leio, entre a emoção e o desassossego. Pesquiso as vidas dos grandes seguidores da Tua mensagem e me indago:
Por que eles conseguiram perdoar? O que me falta para isso?
Na tela da memória, evoco a imagem do primeiro mártir do Cristianismo, Estêvão, apedrejado por amor à verdade que propagava.
Ainda agonizante, ao lado da irmã, que descobre noiva do seu verdugo, tem palavras de perdão. Não são palavras de quem, por estar morrendo, resolve doar o perdão.
São palavras de quem se mostra agradecido por reencontrar a irmã querida, depois de tantos anos de separação que lhes fora imposta.
São palavras de quem está feliz e poderá morrer tranquilo, não somente por ter sido fiel a Jesus até o fim, mas por saber que sua irmã estará bem amparada por aquele mesmo que a ele tirou a vida.
Cristo os abençoe... Não tenho no teu noivo um inimigo, tenho um irmão...
Saulo deve ser bom e generoso. Defendeu Moisés até ao fim... Quando conhecer a Jesus, servi-lO-á com o mesmo fervor...
Sê para ele a companheira amorosa e fiel...
Perdão incondicional. Ele poderia pensar em que poderia gozar da felicidade de tornar a conviver com a irmã, depois de tantos anos.
Voltar a estarem juntos, como dantes da tragédia que os separara. Mas, não.
Suas palavras não são de reprovação a quem o condenara ao apedrejamento. Nele somente há perdão.
Por tudo isso, Senhor, eu Te peço: Ajuda-me a perdoar. Ensina-me a perdoar. Promove em mim a mudança para melhor.
Não permitas que eu me perca pelas ruelas sombrias da mágoa, da tristeza e do desencanto.
Eu desejo voltar a acreditar nas pessoas, a crer na amizade sincera, na doação sem jaça.
Recordando o Teu exemplo extraordinário na cruz, preocupando-Te com aqueles que Te haviam infligido tanto sofrimento e morte, eu Te peço: Ajuda-me.
Tenho certeza de que, quando o perdão puder ser a tônica dos meus atos, eu voltarei a sorrir, a ter fé, a viver intensamente.
Ajuda-me, pois, Senhor Jesus, a perdoar. Porque, não somente desejo ser feliz, mas igualmente almejo ser, para os que comigo convivem, motivo de contentamento e de alegria.

Extraídas do livro Paulo e Estêvão

O Poder da Doçura


O viajante caminhava pela estrada, quando observou o pequeno rio que começava tímido por entre as pedras.

Foi seguindo-o por muito tempo. Aos poucos ele foi tomando volume e se tornando um rio maior.
O viajante continuou a segui-lo. Bem mais adiante o que era um pequeno rio se dividiu em dezenas de cachoeiras, num espetáculo de águas cantantes.
A música das águas atraiu mais o viajante que se aproximou e foi descendo pelas pedras, ao lado de uma das cachoeiras.
Descobriu, finalmente, uma gruta. A natureza criara com paciência caprichosas formas na gruta. Ele a foi adentrando, admirando sempre mais as pedras gastas pelo tempo.
De repente, descobriu uma placa. Alguém estivera ali antes dele. Com a lanterna, iluminou os versos que nela estavam escritos. Eram versos do grande escritor Tagore, Prêmio Nobel de Literatura de 1913:
Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a água, com sua doçura, sua dança, e sua canção. Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir.
*   *   *
Assim também acontece na vida. Existem pessoas que explodem por coisa nenhuma e que desejam tudo arrumar aos gritos e pancadas.
E existem as pessoas suaves, que sabem dosar a energia e tudo conseguem. São as criaturas que não falam muito, mas agem bastante.
Enquanto muitos ainda se encontram à mesa das discussões para a tomada de decisões, elas já se encontram a postos, agindo.
E conseguem modificar muitas coisas. Um sábio exemplo foi de Madre Teresa de Calcutá.
Antes dela e depois dela tem se falado em altos brados sobre miséria, fome e enfermidades que tomam comunidades inteiras.
Ela observou a miséria, a morte e a fome rondando os seus irmãos, na Índia. Tomou uma decisão. Agiu. Começou sozinha, amparando nos braços um desconhecido que estava à beira da morte nas ruas de Calcutá.
Fundou uma obra que se espalhou, com suas Casas de Caridade, por todas as nações.
Teve a coragem de se dirigir a governantes e homens públicos para falar de reverência à vida, de amor, de ação.
Não gritou, não esbravejou. Cantou a música do amor, pedindo pão e afeto aos pobres mais pobres.
Deixou o mundo físico mas conseguiu insculpir as linhas mestras do seu ideal em centenas de corações. Como a água mansa, ela cantou nos corações e os conquistou, amoldando-os para a dedicação ao seu semelhante.
*   *   *
Há muito amor em sua estrada que, por enquanto, você não consegue valorizar...
Busque se aplicar no dom de ver e, vendo a ação da presença do Criador, que é amor, na expressão mais alta, como conceituou o Apóstolo João, faça de sua passagem pelo mundo um dia feliz.
Se você espera ser útil e desaprova a paralisia do coração, procure amar, porque todos os mistérios da vida e da morte se encontram no amor... pois o amor é Deus!

Pensamentos  finais do livro Rosângela

terça-feira, 26 de abril de 2011

Camelos também choram


Camelos também choram

Primavera no deserto de Gobi, sul da Mongólia.
Uma família de pastores nômades assiste ao nascimento de filhotes de camelo.
A rotina é quebrada com o parto difícil de um dos camelinhos albinos.
A mãe, então, o rejeita.
O filho ali, branquinho, mal se sustentando sobre as pernas, querendo mamar e ela fugindo, dando patadas e indo acariciar outro filhote, enquanto o rejeitado geme e segue inutilmente a mãe na seca paisagem.
A família mongol e vizinhos tentam forçar a mãe camela a alimentar o filho. Em vão.
Só há uma solução, diz alguém da família. Mandar chamar o músico.E o milagre começou musicalmente a acontecer.
Dois meninos montam agilmente seus camelosnuma aventura até uma vila próxima,tentando encontrar o músico.
É uma vila pobre, mas já com coisas da modernidade, motos, televisão, e, na escola de música, dentro daquele deserto, jovens tocam instrumentos e dançam, como se a arte brotasse lindamente das pedras.
O professor de música, qual um médico de aldeia chamado para uma emergência, viaja com seu instrumento de arco e cordas para tentar resolver a questão da rejeição materna.
Chega. E ali no descampado, primeiro coloca o instrumento com uma bela fita azul sobre o dorso da mãe camela. A família mongol assiste à cena.
Um vento suave começa a tanger as cordas do instrumento. A natureza por si mesma harpeja sua harmônica sabedoria. A camela percebe. Todos os camelos percebem uma música reordenando suavemente os sentidos.
Erguem a cabeça, aguçam os ouvidos e esperam. A seguir, o músico retoma seu instrumento e começa a tocá-lo. A dona da camela afaga o animal e canta.
E, enquanto cordas e voz soam, a mãe camela começa a acolher o filhote, empurrando-o docemente para suas tetas. E o filhote, antes rejeitado e infeliz, vem e mama, mama, desesperadamente feliz.
Enquanto se alimenta e a música continuaacontece então um fato impressionante.
Lágrimas desbordam umas após outras dos olhos da mãe camela, dando sinais de que a natureza se reencontrou a si mesma, a rejeição foi superada, o afeto reuniu num todo amoroso os apartados elementos.
*   *   *
Nós, humanos, na plateia, olhamos estarrecidos. MaravilhadosOs mongóis em cena constatam apenas mais um exercício de sua milenar sabedoria.
E nós, que perdemos o contato com o micro e o macrocosmos, ficamos pasmos com nossa ignorância de coisas tão simples e essenciais.
Os antigos falavam da terapêutica musical. Casos de instrumentos que abrandavam a fúria, curavam a surdez, a hipocondria e saravam até a mania de perseguição.
O pensamento místico hindu dizia que a vida se consubstancia no Universo com o primeiro som audível - um ré bemol - e que a palavra só surgiria mais tarde.
E nós, da era da tecnologia, da comunicação instantânea, dos avanços científicos jamais sonhados... E nós? O que sabemos dessas coisas?
Coisas que os camelos já sabem, que os mongóis já vivem. Coisas dos sentimentos, coisas do coração. O que sabemos nós?
Será que sabíamos que os camelos também choram?

Com base em crônica de Affonso Romano de Sant´anna, 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ser Mãe



Os filhos são para as mães, como um pedaço de seu coração batendo fora de seu corpo.
Ser mãe é eternizar a constante presença do amor divinal na forma de filho.
(Cléo Merello)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Presentes sem preço


Presentes sem preço

Quando recebemos um convite para um aniversário, um casamento, a primeira preocupação, quase sempre, é: Como presentearei? O que oferecerei como presente?
E ficamos a cogitar o que será mais adequado, mais bonito, mais precioso, mais agradável.
Assim, consultamos catálogos, sites, visitamos lojas, verificamos preços. Afinal, o presente deve ser muito bom, mas deve caber no nosso orçamento.
Será que a pessoa apreciará o que escolhemos? Estará do seu gosto?
É sempre um grande dilema. Uma coisa é certa: não importa o tipo, o tamanho, a qualidade do presente. O mais importante é a intenção de quem dá e a gratidão de quem recebe.
Assim aconteceu com Rita. Ela estava envolvida nos preparativos do casamento da filha. Eram tantas providências: o salão para a festa, a decoração, os músicos, o cerimonial, o bolo, as bebidas...
Dois dias antes do casamento, ela estava revendo detalhes no salão onde seriam recepcionados os convidados, quando viu um senhor espreitando à porta.
Ela o cumprimentou e logo percebeu que era um solitário desejando conversar.  Ele contou que, em criança, sofrera um acidente, batera com a cabeça e por isso, passara sua vida num asilo.
Encontrava-se, por um período, em casa de um irmão e estava passeando antes do jantar. Quis saber o que é que iria acontecer no salão e, ante a notícia do casamento, perguntou se poderia vir dar uma espiada na festa.
Rita o convidou para a recepção.
Chegou o grande dia. No salão, a cerimônia, a música, o corte do bolo da noiva, risos, danças.
Então, alguém veio dizer a Rita que um cavalheiro estava na entrada e desejava lhe falar.
Era o homem solitário. Estava impecavelmente arrumado, mas tímido. Não desejou entrar. Rita foi buscar um pedaço do bolo da noiva e lho entregou.
Ele ficou comovido e lhe deu um presente: É para a noiva, disse com orgulho.
Tratava-se de um pacote pequeno, mal embrulhado com papel pardo, atado com um barbante.
Ele se foi e Rita colocou o presente junto a outros tantos.
Após a recepção, já em casa, ela principiou a anotar, com detalhes, cada um dos presentes e quem o tinha oferecido.
Quando chegou no pequeno embrulho, o abriu. Era uma pequena leiteira branca, de louça, dessas bem simples, que se usam em hospitais e em asilos.
Então Rita chorou. Chorou pela felicidade da sua filha e pela solidão daquele homem, que passara a maior parte da sua vida numa casa para doentes mentais.
Chorou pelo gesto de amor daquele estranho. E, na lista, escreveu: Uma leiterinha – Sr. Fulano, Asilo Tal.
Mais tarde, quando sua filha arrumou a casa, dispôs os presentes, colocou a leiterinha em destaque, no meio de outras lindas peças de prata.
Ela se comovera com a dádiva daquele homem. Era um presente especial, de um mundo solitário para um outro de esperança.
Um testemunho de amor de uma vida para outra.
*   *   *
Feliz é quem sabe ser grato ao que recebe, com a certeza de que a alma que o escolheu, comprou, embrulhou e lhe ofereceu, impregnou aquele objeto com toda sua afeição.
Por isso, todo presente é sempre muito especial. Ele é mensageiro do afeto de alguém. Muito próximo de nós ou simples conhecido, esse alguém despendeu seus pensamentos, seu tempo para nos agraciar com um mimo.
Pensemos nisso.

Com base no artigo Testemunho de amor, de Rita Du Tot, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 1982.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ante os testemunhos


Segundo o Evangelho, na iminência de Seu martírio, Jesus dirigiu-Se ao Getsêmani com os discípulos.
Acompanhado de três deles, afastou-Se um pouco para orar.
Declarou-Se triste, pediu que vigiassem com Ele e orou.
Absolutamente tudo o que Jesus fez durante Sua jornada terrena é pleno de significados.
Ele é o Modelo e Guia dado por Deus à Humanidade.
Forte como nenhum homem jamais o foi, por Suas virtudes, mas ainda assim sujeito às intempéries da vida terrena.
Em face do grande testemunho que se avizinhava, esse Homem Superior lançou mão de duas providências.
Primeiro, cercou-Se de Seus amigos queridos e partilhou com eles Suas angústias.
Segundo, entrou em contato com a Divindade por meio da oração.
No mundo, o homem está sempre às voltas com testemunhos.
Em sua fragilidade, a cada instante é colocado à prova.
Diferente de Jesus, pleno de pureza, bondade e sabedoria, o homem comum está sujeito às tentações e às dúvidas.
Frequentemente se indaga a respeito de qual o melhor caminho a seguir.
Hesita, sente-se fraco e teme não conseguir vencer as provações.
Mesmo quando decidido, às vezes fraqueja ao colocar em prática suas boas resoluções.
Essencialmente frágil, o ser humano não se debate apenas com dificuldades pontuais.
Diariamente, ele corre o risco de cometer pequenos e desnecessários equívocos.
Não se trata de pintar um quadro desanimador, mas de ser realista.
O bem é sempre possível e ele invariavelmente ilumina e pacifica.
Apenas, por vezes, as tentações do mundo se apresentam bastante sedutoras.
Nesse contexto, convém recordar o sábio exemplo de Jesus.
Em Sua grandeza, Ele não abdicou de dois sublimes recursos: a oração e a amizade.
A oração coloca o homem em ligação com o Divino.
Faculta que ele receba salutares inspirações e se fortifique.
O hábito de orar constitui um eficiente antídoto contra as loucuras do mundo.
Mas, nessa busca do Alto, importa não esquecer os companheiros de jornada.
As amizades sinceras aquecem o coração e reduzem as carências e fragilidades.
É importante aprender a partilhar as próprias dificuldades e sonhos com algumas pessoas de confiança.
Esse processo de narrar os conflitos íntimos a Deus e ao próximo faculta o autoconhecimento.
Se algo parecer muito vergonhoso para ser partilhado com um amigo querido, é porque jamais deve ser colocado em prática.
Assim, ante seus testemunhos diários, ligue-se a Deus e a seus amigos.
Trata-se de uma valiosa estratégia para que vença a si mesmo e caminhe firme em direção ao alto.
Pense nisso.