segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Semeando Rosas


Uma Rainha de Portugal, de nome Isabel, ficou conhecida por sua bondade e abnegada prática da caridade.
Ocorre que seu marido, o Rei D. Diniz não gostava das excursões da Rainha, pelas ruas da miséria.
Muito menos das distribuições que ela fazia entre os pobres. Não podia admitir que uma mulher nobre deixasse o trono das honras humanas para se misturar a uma multidão de doentes, famintos e mal vestidos.
A bondosa Rainha, no entanto, burlava a vigilância de soldados e damas de companhia e buscava a dor nos casebres imundos, levando de si mesma e de tudo o mais que pudesse carregar do palácio.
Não levava servas consigo, pois isto seria pedir a elas que desobedecessem às ordens reais.
Era humilhante, segundo o seu marido, o que ela fazia. Como uma Rainha, nascida para ser servida, realizava o trabalho de criados, carregando sacolas de alimentos, roupas e remédios?
Certo dia, ele mesmo a foi espreitar. Resolveu surpreendê-la na sua desobediência. Viu quando ela adentrou a despensa do palácio e encheu o avental de alimentos.
Quando ela se dirigia para os jardins do palácio, no intuito de alcançar a estrada poeirenta, nos calcanhares da fome, ele saiu apressadamente do seu esconderijo e perguntou:
Aonde vai, senhora?
Ela parou, assustada no primeiro momento. E, porque demorasse para responder, ele alterou a voz e com ar acusador, indagou:
O que leva no avental?
Levemente ruborizada, mas com a voz firme, ela finalmente respondeu:
São flores, meu senhor!
Quero ver! Disse o rei, quase enraivecido, por sentir que estava sendo enganado.
Ela baixou o avental que sustentava entre as mãos e deixou que o seu conteúdo caísse ao chão, num gesto lento e delicado.
Num fenômeno maravilhoso, rosas de diferentes tonalidades e intensamente perfumadas coloriram o chão.
Consta que o Rei nunca mais tentou impedir a rainha da prática da caridade.
*   *   *
Para quem padece as agruras da fome, sentindo o estômago reclamar do vazio que o consome; para quem ouve, sofrido, as indagações dos filhos por um pedaço de pão, umas colheres de arroz, a cota de alimento que lhes acalme as necessidades é semelhante a um frasco de medicação poderosa.
Para quem esteja atravessando a noite da angústia junto ao leito de um filho delirando em febres, as gotas do medicamento são a condensação da esperança do retorno à saúde.
Para quem sente as garras afiadas do inverno cortar-lhe as carnes, receber uma manta que o proteja do vento gélido é uma ventura.
Por isso, quem leva pães, agasalho e conforto é portador de flores perfumadas de vários matizes.
*   *   *
Há muitos que afirmam que dar coisas é alimentar a preguiça e fomentar acomodação.
Contudo, bocas famintas e corpos enfermos não podem prescindir do alimento correto e da medicação adequada.
Se desejarmos os seres ativos, envolvidos com o trabalho, preciso é que se lhes dê as condições mínimas. Não se pode ensinar a pescar alguém que sequer tem forças para segurar a vara de pesca.

domingo, 26 de dezembro de 2010

THE POWER OF POSITIVE AFFIRMATIONS

You've probably heard that "words have power." But would you believe that statement? What you do not know is that his thoughts and beliefs about life and circumstances may influence their ways and get what they want.

If we understand once and for all that we claim are our daily thoughts and feelings, we must re-educate the way we want, beginning with what we really want to attract. Moreover, "words have power" is already a statement, because who utters this phrase and who really believe in it, is giving credence to the idea, making the words really have power.
Besides voice, another process that some people use to perpetuate the personal difficulties is the writing. Send emails to friends or family to tell them the problems of the week, for example, is a way to affirm them and, worse, record them and store them. The written word has as much power as the spoken. It is interesting that when you write something, it is easier to realize that. Just read and reread the message to take effect. Think about it when writing the cards, messages or virtual Christmas with your friends and family
The statements, both positive and negative, open doors. They are the starting point of the path to the changes in your life. Everything you say or write, today and tomorrow they will be assertions. When someone tells you to be careful what you wish for - because you can get - it is an indisputable fact, as the words reveal our intentions to the world. If you say: "My health is bad," will be perpetuating a sad picture about the physical or mental problems. Another example is when we guarantee "I will not go through heartbreak," denying any kind of experience that lies outside the control of the situation, but we understand that this is an attitude of someone who is afraid to go through any emotional experience that deviates from the relationship comfort zone or what we consider right. The correct thing to say "I live my love with intense security and sincerity", maintaining a positive stance on the novel and excluding any fear that might compromise routine affective.

ATTENTION TO THOUGHTS

But say or write what you want or believe is only part of the process. It is important to give careful attention to what you think and do throughout the day, because their mindset is essential to activate the changes you want to feel or see through the statements. When we are sad or emotionally "charged", it becomes harder to believe the claims we utter. It's like saying "I'm happy 24 hours a day" at the bottom and being preoccupied with work, children or even with the affective relationship. Therefore it is essential that you hold a position of "attack" on the daily conflicts to make sure that there are still forces to rebuild and fight for positive change. Then, with clarity and conviction that you direct your life in every moment, you can choose words and phrases that can transform routine and way of seeing the world and get him the best, always.

We must reeducate our words, and especially our desires. They are the key to solidify positive changes. Here are some statements that certainly gives you automatically and that should be adopted, even though it may seem difficult at first. Affirm is a way of persuading to change the reality in our favor.

"I'm fat and I can not lose weight" Replace with "I love my body and it becomes every day more beautiful"

 "I hate my job, I wanted something better" Replace with "Wonderful opportunities follow me all the time"

 "My friends do not care me "Replace with" My circle of friends is sincere and harmonious every day, "

" Never get what I want "Replace with" daily I attract whatever you desire "


Experiment with these principles so negative that you are internalized by statements in free and extremely positive start for 2011. They can operate transformations that start on your way to experiencing everyday life - since everything is seen with eyes more patient and optimistic - and then they are perceived in their relationships with people close to mastering the environments you frequent. Keep an emotional and mental attitude that prioritizes the best that life can offer is a healthy practice that ensures good results in their way of communicating and getting what you want. Use words with more responsibility and make them serve you to bring even more joy this new year. They undoubtedly have power. How about you find out?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Trégua de Natal


Era noite de Natal de 1944. O menino e a mãe moravam em uma cabana na Alsácia, perto da fronteira Franco-alemã. O pai fora convocado para o Corpo de Bombeiros da Defesa Civil da cidade, que distava seis quilômetros.
Enviar o filho e a esposa para a floresta lhe tinha parecido uma boa ideia. Acreditou que ambos estariam a salvo.
Então, bateram à porta. A senhora foi abrir. Do lado de fora, como fantasmas contra as árvores cobertas de neve, estavam dois homens de capacetes de aço.
Um deles falou em uma língua estranha. Apontou para um terceiro vulto que jazia na neve.
Rapidamente, a mulher entendeu. Eram soldados americanos. Difícil dizer se eram amigos ou inimigos.
Eles estavam armados e poderiam ter forçado a entrada. No entanto, estavam ali parados, suplicando com os olhos.
Nenhum deles compreendia o alemão. Mas um deles entendia o francês.
A um sinal da mulher, entraram na casa conduzindo o ferido. O filho foi buscar neve para esfregar nos pés azuis de frio de todos eles.
O ferido estava com uma bala na coxa. Havia perdido muito sangue.
Eram três meninos grandes, de barba crescida: Gary, Fred e Mell.
Ema pediu ao filho que fosse buscar Schultz, o galo. Ela o estava guardando para quando o marido voltasse para casa. Talvez no Ano Novo. Mas agora Schultz serviria a um objetivo imediato e urgente.
Dali a pouco o aroma tentador do galo assado invadia a sala.
O menino punha a mesa quando bateram de novo à porta. Esperando encontrar mais americanos, depressa ele foi abrir.
O sangue lhe gelou nas veias. Lá estavam quatro soldados usando fardas muito conhecidas, depois de cinco anos de guerra. Eram alemães.
A pena por abrigar soldados inimigos era crime de alta traição. O garoto ficou parado, gélido, sem reação.
Ema se aproximou. Com calma nascida do pânico, ela desejou Feliz Natal.
Podemos entrar? - Perguntou o cabo alemão. Era o mais velho deles: 23 anos. Os outros tinham somente 16 anos.
Sim. - Falou Ema. E também poderão comer até esvaziar a panela. Mas temos três convidados que vocês poderão não considerar amigos.
Hoje é dia de Natal e não vai haver tiroteio. Coloquem todas as armas sobre a pilha de lenha.
Os quatro ficaram olhando para ela, indecisos.
Nesta noite única, - ela continuou - nesta noite de Natal, vamos esquecer a matança. Afinal de contas, vocês todos poderiam ser meus filhos. Hoje à noite não há inimigos.
Os soldados obedeceram. Entraram.
Os americanos também entregaram as armas, que foram parar em cima da mesma pilha de lenha.
Alemães e americanos se aglomeraram, tensos, na sala apertada.
Sem deixar de sorrir, Ema providenciou lugar para todos se sentarem.
Ela aumentou a ceia com aveia e batatas, um pão de centeio.
Um dos alemães examinou o ferido. A calma foi substituindo a desconfiança.
Com os olhos cheios de lágrimas, Ema pronunciou a oração: Senhor Jesus, Amigo e Mestre, sê nosso hóspede.
Em volta da mesa, havia lágrimas também nos olhos cansados da luta daqueles soldados. Meninos outra vez, uns da América, outros da Alemanha, todos longe dos seus lares.
No dia seguinte, eles tomaram das armas e cada grupo partiu para um rumo diferente, depois de terem se apertado as mãos em despedida.
Então, Ema entrou. Abraçada ao filho, abriu o Evangelho e leu na página da história do Natal, o nascimento de Jesus, a chegada dos magos vindos de longe.
Com o dedo ela acompanhou a última linha: ... E partiram para sua terra por outro caminho.
*   *   *
Estamos vivendo as vésperas do Natal de Jesus.
Proponhamos nosso armistício particular. Isso mesmo. Pensemos em alguém com quem nos tenhamos desentendido, magoado, ferido.
Agora é a hora de estender a mão, de perdoar, de abraçar.
Em nome de um Menino que veio pregar a paz e o amor.
Pensemos nisso! Mas pensemos agora!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Garoto, Martelo e os Pregos

Havia um garotinho que tinha mau gênio. 
Seu pai lhe deu um saco cheio de pregos 
e lhe disse que cada vez que perdesse a paciência
que batesse um prego na cerca dos fundos da casa.
No primeiro dia o garoto havia pregado 37 pregos na cerca.
Porém, gradativamente o número foi decrescendo.
O garotinho descobriu
que era mais fácil controlar seu gênio
do que pregar pregos na cerca.
Finalmente chegou o dia,
no qual o garoto não perdeu mais
o controle sobre o seu gênio.
Ele contou isto a seu pai, 
que lhe sugeriu que tirasse um prego da cerca
por cada dia que ele fosse capaz de controlar seu gênio.
Os dias foram passando até que finalmente 
o garoto pôde contar a seu pai 
que não havia mais pregos a serem retirados.
O pai pegou o garoto pela mão e o levou até a cerca.
Ele disse: 
Você fez bem garoto, mas dê uma olhada na cerca.
A cerca nunca mais será a mesma.
Quando você diz coisas iradas,
elas deixam uma cicatriz como esta.
Você pode esfaquear um homem
e retirar a faca em seguida,
e não importando quantas vezes você diga
que sente muito, a ferida continuará ali.
Uma ferida verbal é tão má quanto uma física.
Tenha isto em mente antes de se irar contra alguém.

Carpinteiro e a Casa

Um velho carpinteiro estava para se aposentar. Contou a seu chefe os planos de largar o serviço de carpintaria e construção de casas, para viver uma vida mais calma com sua família. Claro que sentiria falta do pagamento mensal mas necessitava da aposentadoria.
O dono da empresa sentiu em saber que perderia um de seus melhores empregados e pediu a ele que construísse uma última casa como um favor especial.
O carpinteiro consentiu mas, com o tempo, era fácil ver que seus pensamentos e seu coração não estavam no trabalho.
Ele não se empenhou no serviço e utilizou mão-de-obra e matéria prima de qualidade inferior.
Foi uma maneira lamentável de encerrar sua carreira.
Quando o carpinteiro terminou o trabalho, o construtor veio inspecionar a casa e entregou a chave da porta ao carpinteiro.
"Esta é a sua casa", ele disse, "meu presente para você."
Que choque! Que vergonha!
Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito completamente diferente, não teria sido tão relaxado.
Agora iria morar numa casa feita de qualquer maneira.
Assim acontece conosco.
Construímos nossas vidas de maneira distraída, reagindo mais que agindo, desejando colocar menos do que o melhor.
Nos assuntos importantes não empenhamos nosso melhor esforço.
Então, em choque, olhamos para a situação que criamos e vemos que estamos morando na casa que construímos.
Se soubéssemos disso, teríamos feito diferente.
Pense em você como um carpinteiro.
Pense na sua casa.
Cada dia você martela um prego novo, coloca uma armação ou levanta uma parede.
Construa sabiamente, pois é a única vida que você construirá. Mesmo que tenha somente mais um dia de vida, esse dia merece ser vivido graciosamente e com dignidade.
A vida é um projeto de "faça você mesmo".
O que poderia ser mais claro que esta frase?
Sua vida de hoje é o resultado de suas atitudes e escolhas feitas no passado.
Sua vida de amanhã será o resultado das atitudes e escolhas que fizer hoje.
Parece ser difícil? Muita responsabilidade?
Peça a ajuda a Deus:
"Se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos"

Último dia de Vida

Naquela manhã, sentiu vontade de dormir mais um pouco. Estava cansado porque na noite anterior fora deitar muito tarde. Também não havia dormido bem. Tinha tido um sono agitado. Mas logo abandonou a idéia de ficar um pouco mais na cama e se levantou, pensando na montanha de coisas que precisava fazer na empresa.

Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente. Não prestou atenção no rosto cansado nem nas olheiras escuras, resultado das noites mal dormidas. Nem sequer percebeu um aglomerado de pêlos teimosos que escaparam da lâmina de barbear. "A vida é uma seqüência de dias vazios que precisamos preencher", pensou enquanto jogava a roupa por cima do corpo.

Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não notou que os olhos dela ainda guardavam a doçura de mulher apaixonada, mesmo depois de tantos anos de casamento. Não entendia por que ela se queixava tanto da ausência dele e vivia reivindicando mais tempo para ficarem juntos. Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?

Claro que não teve tempo para esquentar o carro nem sorrir quando o cachorro, alegre, abanou o rabo. Deu a partida e acelerou. Ligou o rádio, que tocava uma canção antiga do Roberto Carlos, "detalhes tão pequenos de nós dois..." Pensou que não tinha mais tempo para curtir detalhes tão pequenos da vida.

Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar. Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto, mas não podia, naquele dia, dar-se ao luxo de sair da empresa. Agradeceu o convite, mas respondeu que seria impossível. Quem sabe no próximo final de semana? Ela insistiu, disse que sentia muita saudade e que gostaria de poder estar com ele na hora do almoço. Mas ele foi irredutível: realmente, era impossível.

Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava totalmente lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.

No que seria sua hora do almoço, pediu para a secretária trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando. Enquanto engolia relacionava os telefones que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up. Mas ele logo concluiu que era um mal-estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar.

Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou à sua mesa. "A vida continua", pensou. Mais papéis para ler, mais decisões a tomar, mais compromissos a cumprir. Nem tudo saía como ele queria. Começou a gritar com o gerente, exigindo que este cumprisse o prometido. Afinal, ele estava sendo pressionado pela diretoria. Tinha de mostrar resultados. Será que o gerente não conseguia entender isso?

Saiu para a reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando de dois em dois degraus. Parecia que a garagem estava a quilômetros de distância, encravada no miolo da terra, e não no subsolo do prédio.

Entrou no carro, deu partida e, quando ia engatar a primeira marcha, sentiu de novo o mal-estar. Agora havia uma dor forte no peito. O ar começou a faltar... a dor foi aumentando... o carro desapareceu... os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo em que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem. Era como se o videocassete estivesse rodando em câmara lenta. Quadro a quadro, ele via esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas que mais gostava.

Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto?
O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã? Por que não foi pescar com os amigos no último feriado? A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte, a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.

Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas. Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto... queria... queria... mas não deu tempo...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Os que estão com Jesus


O Evangelho de Marcos lhe dedica dois versículos, sem mencionar seu nome.
Ele era um personagem constante nas pregações de Jesus. Ninguém sabia ao certo de onde vinha.
Mas, toda vez que o Mestre Jesus tomava da palavra, lá estava ele a postos.
Pegava seus estiletes, suas tintas e seus rolos de papiro e anotava os ensinamentos.
Se Jesus falasse na praça, à margem do lago, na planície ou na montanha, ele O seguia.
Estava bem próximo quando Jesus foi até a casa do chefe da sinagoga e retirou do sono profundo a filhinha, tida como morta.
Presenciou bem de perto o episódio da mulher enferma há anos e que se curou, ao simples toque das vestes do Galileu.
Ninguém o ouvia falar. Talvez temesse ser identificado como um estrangeiro por aquele povo. Mas ele ouvia. Com muita atenção, anotando e anotando.
Certo dia, em que a multidão sempre faminta de consolo e de milagres se comprimia na praça, à espera do Nazareno, foi que tudo aconteceu.
O sol estava especialmente quente e à medida que as horas se foram arrastando, o povo começou a ficar inquieto.
Doentes mais graves passaram a se lamentar, crianças se movimentavam, perturbados demonstravam todo seu desequilíbrio.
Em determinado momento, o jovem que sempre seguia Jesus sentiu-se compadecido. Ele também estava aguardando a presença do doce Rabi.
Olhando aqueles semblantes sofridos, para quem a espera parecia uma eternidade, sentiu-se compadecido.
Aproximou-se de um homem tido por endemoninhado, estendeu as mãos e recordando Jesus, exortou ao Espírito perturbador que o abandonasse.
O doente ainda rolou pelo chão, gritou roucamente. Finalmente, surpreso, parecendo acordar de um pesadelo, se ergueu, um tanto envergonhado, limpou a poeira da túnica e se foi. Estava curado.
O restante daquele dia foi dedicado todo a curas de obsedados. Parecia ser a especialidade daquele moço. Nos dias seguintes, ele continuou.
Discípulos que se aproximavam, em vendo a cena lhe falaram que ele não devia curar ninguém, muito menos usando o nome de Jesus. Ele não fazia parte do círculo dos Apóstolos do Mestre de Nazaré.
Ao final do dia, quando eufóricos informaram a Jesus sobre a sua atitude, o Mestre lhes ordenou que retornassem até o jovem com a ordem para que prosseguisse no seu apostolado. E concluiu: Quem não é contra vós, é por vós.
Nunca ninguém lhe registrou o nome. Na juventude, chamavam-no moço. Na velhice,avozinho.
Personagem grandiosa, trabalhador da seara de Jesus, a ele se refere o Evangelho com rapidez. No entanto, seu nome está escrito no livro dos céus, pelo desempenho da grande tarefa: amar a Deus, ao próximo e ao Evangelho do Mestre de Nazaré.
*   *   *
Todo aquele que segue as orientações do Cristo está a Seu favor, é alguém que contribui com o Mestre na Sua seara.
Por conseguinte, todo aquele que diz Senhor, Senhor, mas não vive os Seus ensinamentos, está apartado Dele, mesmo que se diga cristão.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Amor e a Loucura

Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos

qualidades e defeitos dos homens em algum lugar da terra.

Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez,
a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs:
Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e
a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou?
Esconde-esconde?
Como é isso?
É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e
começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem,
e quando eu tiver terminado de contar,
o primeiro de vocês que eu encontrar,
ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer
a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessavam por nada.

Mas nem todos quiseram participar....
A VERDADE preferiu não esconder-se...
"Para quê, se no final todos me encontram?
A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto
(no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela).
A COVARDIA preferiu não arriscar-se.
Um, dois, três, quatro...começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA,
que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho.
A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO,
que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.

A GENEROSIDADE quase que não consegue esconder-se,
pois cada local que encontrava,
lhe parecia maravilhoso para alguns de seus amigos.
Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA.
Se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ..
Se era o vôo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA.
Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE.
E assim... acabou escondendo-se em um raio de sol.

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início...
ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano
(mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris)...
e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO não recordo-me onde escondeu-se,
mas isso não é o mais importante.

Quando a LOUCURA já estava lá por volta dos 999.999,
o AMOR ainda não havia encontrado um lugar para esconder-se,
pois todos já estavam ocupados,
até que encontrou uma roseira e,
carinhosamente, decidiu esconder-se entre as suas flores.

A primeira a aparecer foi a PRESSA,
apenas a 3 passos de uma pedra.
Depois escutou-se a FÉ discutindo com Deus,
no céu, sobre zoologia.
Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.
Em um descuido a LOUCURA encontrou a INVEJA,
e claro, pode deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo:
ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo,
que na verdade era um ninho de vespas.

De tanto caminhar a LOUCURA sentiu sede
e ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA.
A DÚVIDA, foi mais fácil ainda,
pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir
de que lado se esconder.
E assim ... foi encontrando a todos.

O TALENTO entre a erva fresca,
a ANGÚSTIA em uma cova escura,
a MENTIRA atrás do arco-íris
(mentira, estava no fundo do oceano)
e até o ESQUECIMENTO que já havia esquecido
que também estava brincando de esconde-esconde.

Apenas o AMOR não aparecia em nenhum lugar.

A LOUCURA, procurou atrás de cada árvore,
embaixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas.
Quando estava a ponto de dar-se por vencida,
encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos,
quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito....
os espinhos haviam ferido o AMOR nos olhos.

A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se....
Chorou, rezou, implorou, pediu perdão
e até prometeu ser seu Guia.
Desde então...
desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra,
o AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.